EU QUERO VIVER!!
- Parte 1 -Ligeiramente curvada para a direita ficava debruçada sobre o parapeito de madeira da janela do observatório da sede da guilda e observava os pontos brilhantes no céu negro ao que chamávamos de estrelas, tentava juntar os pontos com a minha mente criando uma imagem ilusória reluzente. Era um símbolo bastante bizarro, com três pontas e uma espécie de estrela e lua no centro, muitos diziam que aquele era o símbolo do tesouro demoníaco mágico que muitos desconheciam e que outros muito desejavam. Aquela estranha figura que se apresentava mesmo diante dos meus olhos era reconhecível, eu já a teria visto em um outro local qualquer, talvez um sonho, ou uma memória. Com um olhar profundo e o reflexo da lua nos meus olhos, lágrimas escorriam pela minha face pálida, sem saber o que era aquilo limpo a face e sem saber o motivo daquele acontecimento, levanto-me e desço o escadote de madeira escura até ao primeiro piso do prédio da guilda. Intrigada com o que sucedera decido investigar aquele estranho símbolo no armazém de conhecimento da guilda, mais propriamente a biblioteca, caminho pelo salão principal e vou até às duas enormes portas douradas e roxas que levavam ao piso inferior, ou seja, a localização da biblioteca.
Empurrando a porta da esquerda ligeiramente com a mão correspondente deparo-me de seguida com uma escadaria que daria a uma espécie de biblioteca/cave, desço as escadas ouvindo o som do eco dos meus passos sobre as escadas velhas e frágeis. Finalmente chego até à biblioteca e no meio daquele rio do saber tento descobrir onde é que eu já teria encontrado aquela figura, tento procurar livro por livro estante por estante, porém decidi começar pela estante mitológica. Tinha cerca de 437 livros naquela única estante com o mesmo tipo de livro, penso que de facto teria bastante que ler, a não ser que eu soubesse mais algo sobre o símbolo, talvez me conseguisse lembrar ou talvez não. Algo de estranho estava-se a passar e por mais que eu tentasse descobrir não me vinha nada à cabeça, sentei-me num banco bem comprido e apoiando a minha cabeça nas mãos que por sua vez se apoiavam nos cotovelos e na mesa e comecei a pensar ainda mais...
Vários tipos de visões começavam a vir à minha memória, o som dos canhões e dos gritos agoniantes de pessoas em fuga, o que seria aquilo? Um homem exageradamente alto me vinha à cabeça, o seu estranho gargalhar também, foi ai que finalmente percebi de onde conhecia aquele símbolo, estava no chapéu do indivíduo mas agora... de onde eu o conhecia? Mais uma dúvida veio à tona num mar de esclarecimentos necessários, mais lágrimas escorriam e eu continuava sem saber o que se passava... bato com o punho na mesa e grito sozinha:
- Porquê que isto me está a acontecer?! O que eu fiz de errado?!! Que assombração terrível surge na minha mente...
Lágrimas de desespero caíam enquanto um dos livros da estante caía no chão e deslizava para debaixo da estante, levanto-me e tento limpar as lágrimas ainda com os olhos húmidos e tristes, debruço-me e tento chegar ao livro, observo a capa e leio atentamente:
- O-Ohara? O que será isto?
Coloco gentilmente o livro na mesa visto que já era um livro bem antigo e o começo a ler, escrito à mão a caligrafia era bastante difícil de ser entendida, pelo menos não por mim, sempre haveria sido interessada por códigos e a história, lógico que não seria um problema. Começo a ler e a tentar perceber o que estava escrito no livro e finalmente começo a entender o significado daquele símbolo, "O símbolo da tríade da flora é o emblema da antiga família de Ohara, a ilha perdida" . "Ohara à muito tempo era um local próspero e pacífico, porém era vítima das constantes chantagens corruptas do conselho mágico, à cerca de 10 anos a ilha subitamente desapareceu do mapa e da mente de todas as pessoas que a conheciam". "Este documento é extremamente confidencial e pertence ao conselho mágico de Fiore, quem o ler sem a devida autorização será punido à morte", ao ler aquele livro fico aterrorizada com o que se estava a passar, coloco a minha mão à frente da boca e fico em estado de pânico sem saber o que fazer. Continuo a ler o livro assustada, porém não conseguia evitar aquela estranha ilha "Ohara" parecia-me familiar, tinha que saber mais sobre aquele local, "A única entrada para a ilha misteriosa é através do portal mágico desconhecido por muitos no cimo da montanha no templo de Shirozune" eu tinha que ir aquele local, era como se uma força me chamasse para tal.
Seguro o livro nas minhas mãos e subo a escadaria novamente até aos dormitórios da guilda, percorro todo o corredor e na porta final à esquerda entro na porta onde tem uma tabuleta de madeira com o meu nome nela, atiro o livro para a cama e começo a preparar-me para a minha viagem. Vou até à minha gaveta e visto a minha camisola azul fina comprida, e coloco o meu longo casaco vermelho rosado e com os meus óculos laranjas em cima da cabeça guardo o livro no meu bolso e segurando a minha lança desço a escadaria novamente e vou até à entrada da guilda. Com um suspiro profundo dou um beijo na mão e atiro para o prédio como forma de dizer adeus ou um até já, não sabendo muito bem o que iria acontecer, parto finalmente rumo às montanhas da cidade e tento perceber se o livro contava a verdade ou não. Abro o livro e começo a caminhar até às montanhas enquanto leio um pouco mais sobre a ilha "Ohara foi destruída e completamente aniquilada, com o objectivo de eliminar qualquer testemunho da existência da corrupção do conselho mágico. A maioria dos habitantes foi aniquilada, e uma minoria, ou seja, apenas as crianças foram distribuídas por cidades e por pais adoptivos que fingiram ser os pais verdadeiros dessas mesmas crianças", "algumas das crianças sabiam algumas informações e sabiam que pertenciam a Ohara, por isso foi iniciada uma lavagem a todas as memórias de Ohara, as poucas crianças submetidas a estes tratamentos são identificadas pelos códigos: 645, 731 e 882" fico a pensar para mim que tipo de crueldade era aquela...
- Pobres crianças, m-mas será que? Não pode ser, deve ser uma mera coincidência. - penso um pouco desconfiada de que eu poderia ser uma daquelas crianças que não tiveram infância...
Continuando a ler... " As crianças foram criadas como pessoas normais, porém todas possuem uma marca no pescoço com o seu número de processo", intrigada fico porém nunca tinha notado nenhuma marca no meu pescoço, não poderia ser uma das vítimas com certeza. Indo continuar a minha leitura quando finalmente chego às montanhas e consigo observar o templo a cerca de 5 metros de distância, caminho na sua direcção e tento encontrar no livro a inscrição que demonstra como abrir aquele tal portal, entro no pequeno templo e abro o livro na página com o símbolo da tal família de Ohara. O livro pousado sobre o pequeno altar de madeira em frente a um espelho redondo perfeito, vários encantamentos começam a ser citados por uma voz misteriosa e por fim um grande círculo mágico rodeia todo o templo. Nada parecia ter acontecido do que apenas um espectáculo luminoso, saio do templo e percebo que já não estava nas montanhas de Shirozune Town, uma visão horrenda de destruição era o tudo o que se via, até mesmo o horizonte estava morto como tudo o resto.
Entretanto no conselho mágico, os magos recebem a informação de que o portal mágico haveria sido aberto novamente, e ao comunicarem com o general que vivia em Ohara para a "proteger" de forasteiros eles dizem para ele e as suas tropas capturarem o intruso ainda desconhecido.
Novamente em Ohara, eu fico pasmada ao observar tamanha destruição, dor e sofrimento, porém aquele local trazia-me algumas recordações de volta, porém todas elas pareciam estar seladas por alguma força ou feitiço estranho mesmo eu não sabendo, foi quando subitamente um relâmpago cai sobre uma enorme plataforma que parecia um palco ruído perto de uma ravina que iria dar ao lado Oeste da ilha. Decidi aproximar-me para ver o que se passava, porém estava sempre a sentir a estranha sensação de que eu estava a ser seguida por algo ou alguém, subindo a escadaria rochosa para o palco ouço um bizarro e alto ruído vindo atrás de mim, virei-me e consegui reparar, era uma estranha cobra branca com pintas vermelhas, e um crânio qualquer em cima da sua cabeça. Assustada observei a cobra de alto a baixo e vi que ela tinha cerca de 20 metros de cumprimento, foi quando ao olhar para os seus olhos selvagens uma outra recordação surgiu na minha mente, era uma cobra bebé... o seu nome era... Salome!
- É-És tu Salome? - pergunto ansiosa por saber se aquele era a mesma cobra de que me lembrava...
A cobra dá a perceber de que era ela sorrindo e deslizando até mim se enroscava feliz em me ver, parecia que já existia uma ligação entre nós as duas anteriormente, talvez eu fosse mesmo uma das crianças que sofreram, não sabia ao certo, mas tinha um pressentimento de que ia descobrir não tarda muito.
Olho para a cobra e apenas me recordo de como eu era feliz com ela, porém as minhas memórias subitamente se tornaram num mísero clarão e não conseguia lembrar-me de mais nada, abraçando Salome algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto significando saudade e tristeza por tudo o que tinha acontecido.
Foi quando, o som de um enorme sino que badalava fortemente passou por toda a ilha fazendo-se ouvir a quilómetros de distância, o que seria aquele barulho e quem o haveria "criado"? Acabo de subir a escadaria e deparo-me com um homem não muito alto com uma casaca branca comprida, parecia ser alguém muito importante, as suas tropas rodeavam todo o palco e com uma voz arrogante e rouca ele pergunta-me:
- Quem és tu seu monte de lixo?
- Ora ora, não acha uma falta de educação falar assim com uma senhora frágil e fraca? - respondo com um tom sarcástico, observando as tropas nervosas para começar a me atacar e o general já enfurecido.
- AO ATAQUE TROPAS! - com esta frase toda aquela multidão humana correria na minha direcção para me atacarem com tudo o que tinham, enfurecidos sem saber o motivo para atacarem nem quem era o seu alvo todos queriam a minha cabeça como prémio de mérito para dar ao seu general.
Sem mais demoras eu estava um pouco nervosa, porém ao tocar com a minha lança no chão comecei a controlar todos os humanos presentes naquele local, com alguma dificuldade consegui fazer com que todos se atirassem do palco para o mar perdido da Ohara onde morreram, porém estranhamente o general parecia estar imune à minha magia mas o que seria?
Comecei a correr na direcção dele e assim que cheguei a cerca de 1,50 metros de distância dele tento olhá-lo com o meu olho de controlo humano, mas com a bainha da sua espada ele desfere-a na minha face me atirando para a direita cerca de 2 metros. Tento levantar-me enquanto o mesmo diz enquanto gargalhava que nem doido:
- Ahahahaha, eu bem sabia que você era poderosa, mas deve estar-se perguntando,"como este lindo senhor conseguiu esquivar ao meu poder", isso é óbvio minha cara, eu sou...
- Um demónio... - Interrompi a suposta explicação do general enquanto limpava o sangue que escorria da minha boca, observava a feição de prazer do sujeito em causar sofrimento a uma terra que outrora era próspera e bela.
- Exacto pirralha, não pensei que chega-se lá tão rapidamente, agora pode observar o significado do poder diante dos seus olhos antes da morte... - o general retira um enorme ligadura que cobria o seu braço direito por completo, as ligaduras voam com a força do vento e um braço demoníaco assegura ainda mais a confiança do emular na aniquilação da minha pessoa.
- Agora... sofra! - o general envolvia todo o seu braço em uma escuridão profunda, e começando a correr na minha direcção ele estava a 50 cm de distância e pegando a minha lança a coloco à frente da minha face me protegendo do impacto. Defesa imprudente, do impacto era protegida, porém o choque mágico atravessava a lança e me atingia, era empurrada novamente com o choque e ficava deitada um pouco tonta no solo rochoso. O general aproxima-se e colocando-me umas algemas atrás das costas ele rasga-me um pouco da camisola e olha para o meu pescoço comentando:
- Hmm... parece que sempre era você... a número 731, filha de Nico Olivia.
- N-Nico Olivia? É esse o nome verdadeiro da minha mãe?! - pergunto duvidosa
- Sim, e quer saber quem é o seu pai? Hahahaha.... está mesmo à sua frente, sim, eu violei a sua mãe e esse acidente aconteceu. - diz apontando para mim com um sorriso maquiavélico.
Com aquela informação parecia que o meu mundo e a minha mente iria desabar por completo, tudo o que eu sabia ou que pensava que fosse a minha história era uma mentira, não poderia acreditar em algo tão terrível assim, o general segura-me pelo braço e arrasta-me para a ponta do palco, ou seja, a ravina.
- Se a minha história é uma mentira, eu só posso começar uma nova se estiver viva... - digo murmurando para mim, e assim que ergo a cabeça grito chorando desesperadamente:
- EU QUERO VIVER!!
Grito e Salome teria sido a única que ouvira o meu desejo de poder continuar, e com um encontrão ao general desprevenido o empurra contra um pilar e me solta daquelas algemas desgastadas, chorando e com sangue a escorrer pela minha face pego a minha lança e aproximo-me do general tonto.
- Você não merece viver... por isso MORRA!
Em seguida desfiro inúmeros golpes com a lança no corpo do general e finalmente o empurro da ravina com uma pancada na nuca e com um sorriso cansado, digo indo embora mancando me apoiando em Salome:
- Veremo-nos nos Inferno...
Fairy Tail Walker