Missões - Alexis

Talvez fosse por falta de tempo,talvez por achar que era desnecessário perder seu tempo com aquilo,ou até mesmo que realmente precisasse de ajuda.
Uma das coisas que aprendi depois que minha mãe morreu era como eu teria que manter a casa limpa e cozinhar meu almoço quando meu pai não estivesse em casa. Não era difícil manter o lugar em que você passa uma boa parte do seu dia quando se tinha disposição. E com ajuda era melhor ainda.
Mas dessa vez eu estava sozinha, e teria que limpar uma “casa” 20 vezes maior que a que eu morava há 50 anos atrás.
Cheguei na guilda por volta da meia noite, não era muito longe do dormitório, porém as ruas eram extremamente desertas quando a lua subia a seu ponto máximo
A master havia me entregado a chave no dia anterior, e disse que eu poderia começar quando quiser,desde que fosse o mais rápido possível.
Coloquei a chave na fechadura e abri calmamente, eu teria até as 6:30 da manhã para limpar toda a guilda antes que ela chegasse
A master havia me entregado também um mapa e a chave onde ficavam os produtos de limpeza,e havia enumerado os locais por nível de “sujeirice”,  o que significava dos lugares mais limpos até os mais asquerosos, e em último lugar estavam os banheiros (até devo imaginar, porque esse lugar está em último). Eu não iria acender as luzes para não chamar a atenção dos vizinhos, então que teria que usar de minha luz para achar o caminho até a dispensa.
Peguei um pedaço de madeira que estava jogado no canto da porta da guilda (de quem era aquilo?) e acendi usando o karyu no koe.
Caminhei com a tocha um pouco longe do mapa que estava na mão esquerda, tomando cuidado para que não pegasse fogo.
E por falar em fogo, eu nem havia comido algo antes de vir para cá.
Depois que abri a dispensa, vários esfregões,vassouras e baldes caíram por cima de mim, batendo em minha cabeça e outros caindo no chão.
- Essa doeu. - comentei pegando alguns produtos de limpeza, panos e vassouras. Eu deixaria a dispensa aberta pois voltaria depois para pegar alguns esfregões.
Depois que levei tudo para o bar da guilda,abri o mapa em cima de uma mesa para ver  por onde eu começaria.
- hm,vou começar varrendo mesmo. - Arrastei as mesas para os cantos e pus as cadeiras em cima do balcão do bar para varrer. Abri as janelas e peguei a vassoura, mesmo que eu não pudesse ver, eu sabia que havia muita poeira naquele lugar, pois agora eu estava tossindo.
Depois de varrer todo o chão do bar,voltei a dispensa e peguei um esfregão,enchi o balde com alguns produtos químicos e água e o coloquei no chão. Molhei o esfregão no balde e comecei a esfregar para que o chão ficasse brilhando.
Alguns minutos depois, 30 minutos ou mais talvez, a luz da lua reluzia uma peque na parte do piso onde eu havia limpado anteriormente, então eu sabia que havia feito um bom trabalho.
- Agora, vamos as mesas.
Como as cadeiras estavam em cima do bar,eu não teria problemas para limpar as mesas, ou era o que eu achava.
Depois que passei o pano com o óleo (que era horrível), me abaixei para passar na base e então percebi que haviam chicletes colados na parte de baixo.
- o que essas pessoas tem na cabeça? – Comentei enquanto usava o karyu no tatchi para derreter e terminar de limpar as mesas.
Agora limpas e arrumadas,parti para as cadeiras, estas,diferente das mesas, não possuíam chicletes ou balas velhas grudadas em baixo,mas algumas estavam com um pé mais gasto que o outros. Eu não poderia usar o karyu no tatchi ou queimaria as cadeiras, então preferi deixá-las como estavam.
Após limpas as mesas e as cadeiras, limpei os bancos do bar e me certifiquei de que não havia mais nenhum chiclete debaixo do balcão.
Mesas, balcão,cadeiras e bancos limpos. Ótimo, agora eu iria limpar a “cozinha” da guilda.
Ao menos, nesta parte, havia uma grande quantidade de pratos,copos e talheres limpos, o que facilitou o meu trabalho de lavar o que estava empoeirado(apesar do encanamento estar meio entupido) e levar o lixo para fora.
O bar estava totalmente limpo, mas ainda haviam as janelas e o teto. Como eu iria limpar eles? Eu precisava de uma escada realmente grande para subir até o teto e limpar o lustre. Mas as escadas eram muito pequenas, elas jamais alcançariam o teto, eu precisava fazer algo.
- Hi wa mamoru. – Invoquei o círculo e tentei arrastá-lo para meus pés, foi difícil pois eu já havia me acostumado com ele a minha frente. (Até porque ele foi feito para ficar na minha frente.) – ótimo – comentei arfante pelo excesso de força utilizada. – agora só preciso subir. – respirei fundo e comecei a formar o karyu no koe para baixo, eu não saberia se iria funcionar, pois eu nunca havia tentado antes. Ao chegar próximo ao lustre, implorei para que a magia não se desfizesse e eu caísse em cima de algo.
Borrifei um pouco de água e comecei a limpá-lo calmamente, aquilo iria me dar trabalho.
De fato, era um lustre incrível, a master devia tê-lo herdado de alguém. Eu deveria ter o máximo de cuidado, realmente, iria demorar muito para limpar tudo aquilo.
Mas a magia não espera por ninguém principalmente por um lustre.
O círculo começou a falhar, ele piscava como se estivesse com um fio solto, eu não havia percebido, estava concentrada de mais para ver que ele não estava mais agüentando meu peso.
Despencar de uma altura de 100 metros faz você pensar em como você poderia ter evitado algumas coisas em sua vida.
Eu não estava gritando, eu estava em silêncio, talvez aquela fosse a queda mais silenciosa de todas. Me virei para ver a velocidade com a qual o chão se aproximava de mim, eu estava desesperada, mas só teria uma chance.
- karyu no kuki-chu. – murmurei de olhos fechados, esperando o encontro de meu corpo com o chão.
Mas ele não ocorreu.
Abri os olhos e me vi flutuando a 15 centímetros do chão, com um círculo entre nós. Havia funcionado, eu estava viva. Me sentei e suspirei aliviada por estar bem, apesar do susto.
- Essa foi por pouco. – murmurei.
Mas eu não tinha tempo para descansar, eu tinha muita coisa para fazer naquela noite,.
Depois que limpei o lustre e o teto (espantando aranhas e morcegos), desci em segurança e peguei o mapa para dar uma olhada novamente.
- Portas e janelas, isso será fácil.- felizmente eu estava certa, eu só precisava passar óleo nas portas e jogar água nas janelas para em seguida limpar com o pano.
Eu podia perceber que céu já estava começando a clarear e eu estava ficando sem tempo.
- Vamos por ordem de importância agora. - Corri para o banheiro com os baldes e os equipamentos.
Os banheiros estavam em um estado tão desagradável, que eu seria censurada se escrevesse aqui.
Apenas digo que quando terminei, eu provavelmente não comeria nada ate o dia seguinte.
Agora o céu estava em um tom anil, os primeiros raios nasceriam logo em breve, eu ainda tinha o gabinete da máster a biblioteca e a dispensa.
A master não havia deixado comigo sua chave. Então supus que ela mesma limparia, eu já estava cansada de mais para limpar a biblioteca, e eu tinha que voltar para casa para ver a Celine. Então tratei de ir varrer a área de armazenamento onde ficavam os esfregões e os produtos de limpeza.
- Eu não consigo fazer mais nada com essa fome. – Reclamei largando a vassoura de lado. Eu precisava comer algo. Meu estomago roncava alto e eu tinha medo que se eu saísse na rua ele acordasse as pessoas.
Caminhei por pouco tempo pelas ruas de magnólia até que encontrei os fundos de uma padaria, onde o padeiro estava jogando lenha na fornalha.
Corri para dentro da loja e me abaixei admirando o fogo que crepitava lentamente.
- Isto deve servir. – Comentei começando a comer o fogo com as próprias mãos. Quando me virei para agradecer, o homem já não estava mais na padaria.
- Deve ter ido buscar mais lenha. – Supus saindo da loja e voltando para a guilda.
Com as energias renovadas, agora eu poderia limpar a biblioteca.Quando voltei para a guilda, fui abrir a porta da biblioteca, mas a chave não entrava.
- A master não me deu a chave da biblioteca! – Gritei levando os produtos de limpeza, já eram 6:15 da manhã, e mesmo que eu tivesse, eu não poderia, afinal, ainda havia a Celine para cuidar.